Sistema de crenças
O mundo não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui forma, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem. É uma idéia assustadora: vivemos segundo o nosso ponto de vista. Com ele sobrevivemos ou naufragamos. Explodimos ou congelamos conforme nossa abertura ou exclusão em relação ao mundo. Lya Luft.
Nosso sistema de crença é o conjunto de idéias, pensamentos, princípios e valores que desenvolvemos gradualmente, ao longo da vida, como um arquivo de idéias que vai sendo construído a respeito de tudo. Esse arquivo varia de indivíduo para indivíduo, é diferente em cada cultura e tem pelo menos três origens:
1. O que a pessoa escuta (experiência indireta);
2. O que a pessoa observa daqueles que estão à sua volta (experiência indireta);
3. O que a pessoa experimenta na própria vida (experiência direta).
Por exemplo:
Uma pessoa pode ter escutado algo como: “cuidado com as pessoas, elas não são confiáveis”. Ou pode ter observado pessoas próximas que confiaram em outras e se decepcionaram com elas. Ou pode ainda ter confiado em alguém que a desapontou por alguma razão. A partir daí, fez do vivenciado uma espécie de crença, de regra a ser observada na relação de confiança com os outros
O ser humano vivencia fatos e acontecimentos desde os mais variáveis, durante toda a sua vida, experimentando sentimentos e emoções e apresentando determinados comportamentos
Assim podemos dizer que os acontecimentos produz na pessoa pensamentos, idéias, crenças que, por sua vez, causam determinadas atitudes ou posturas diante do outro e da vida. Albert Ellis, criador dessa teoria.
Outro exemplo: Um grupo de pessoas está num carro quando o motorista da frente lhes dá uma “fechada”. Um deles tem no seu sistema de crenças a idéia segundo a qual há várias razões para um motorista “fechar” o outro: ele pode não ter visto o carro, é inábil para dirigir, calculou mal a distância, pode ter se desviado de um pedestre, ou pode ter usado o carro como forma de agredir e a fechada foi proposital. Sente-se ligeiramente incomodado e no próximo sinal pergunta ao motorista: “você viu que nos fechou e poderia ter causado um acidente”?
Um segundo passageiro interpreta a fechada como um ato inadmissível, como “um desaforo que não se leva para casa”. Sai do carro no próximo sinal e agride o motorista verbal e fisicamente. Em casos extremos, e isso é fato, pode chegar a usar uma arma e cometer um assassinato.
Apesar de a descrição usual ser “alguém agrediu um motorista por causa de um incidente no trânsito, sabemos que a verdade é que alguém experimentou um sentimento de alta intensidade e agiu de forma violenta por causa da interpretação de seu sistema de crenças sobre o acontecido.
Algumas pessoas têm habilidade, flexibilidade e bom senso para lidar com todas, ou quase todas as situações com que se deparam na vida. Outras têm enorme dificuldade para lidar com fatos cotidianos, por mais simples que sejam. Experimentam sentimentos negativos diante de tudo, martirizando-se a si mesmas e aqueles com quem convivem. Suas reações, além de não apresentarem soluções, constituem novos problemas para si e para os outros.
E o que tem a ver o sistema de crenças e os relacionamentos?
Quando a maioria de nossas idéias é irracional (especialmente aquelas que se referem às relações), tendemos a estabelecer um circulo vicioso: essas idéias dificultam nosso contado com as pessoas, a dificuldade reforça as idéias e assim por diante. Isso significa que precisamos reavaliá-las para transformar o círculo vicioso em “círculo virtuoso”, construindo relacionamentos mais positivos com as pessoas.
Ao perceber seu sistema de crenças, a pessoa pode questionar, contestar ou combater sua idéias irracionais. Ela pode reconsiderá-las, eliminando-as e substituindo-as por outras mais racionais e positivas. Esta não é uma tarefa simples ou fácil. Mas é indispensável para melhorar nossos relacionamentos e nossa qualidade de vida