Catecismo da Igreja Católica

A VIDA EM CRISTO

OS DEZ MANDAMENTOS

Um Jovem aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna? Disse-lhe Jesus

Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom?. Ser queres entrar na vida, observa os mandamentos

Quais? Perguntou ele. Jesus respondeu: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho,

Honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo. (Mt 19,16-19)

 

 

 

 Mestre, que devo fazer...?"

           "Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?" Ao jovem que lhe faz esta pergunta, Jesus responde primeiro invocando a necessidade de reconhecer a Deus como "o único bom", como o bem por excelência e como a fonte de todo bem. Depois, Jesus diz: "Se queres entrar para a Vida, guarda os mandamentos". E cita os preceitos que se referem ao amor do próximo: "Não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra pai e mãe". Finalmente, Jesus resume estes mandamentos de maneira positiva: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 19,16-19).

            

                O seguimento de Jesus Cristo inclui o cumprimento dos mandamentos. A Lei não foi abolida, mas o homem é convidado a reencontrá-la na pessoa de seu Mestre, que é o cumprimento perfeito dela.  Os conselhos evangélicos são indissociáveis dos mandamentos. Jesus, com efeito, retomou os Dez Mandamentos, mas manifestou a força do Espírito em ação na letra deles. 

     

                Quando lhe é feita a pergunta: "Qual é o maior mandamento da lei?" (Mt 22,36), Jesus responde: "Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas" (Mt 22,37-40). O Decálogo (10 Mandamentos) deve ser interpretado à luz desse duplo e único mandamento da caridade.

          Plenitude da Lei:

        Os preceitos - não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás e todos os outros - se resumem nesta             sentença: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é           a plenitude da lei (Rm 13,9-10).

       O DECÁLOGO NA SAGRADA ESCRITURA

          A palavra "Decálogo" significa literalmente "dez palavras (Ex 34,28; Dt 4,13; 10,4). Deus revelou essas "dez palavras" a seu povo no monte sagrado. Mas é em Jesus Cristo na nova aliança, que será revelado seu sentido pleno. As "dez palavras indicam as condições de uma vida liberta da escravidão do pecado.

          O Decálogo é um caminho de vida, uma força libertadora.

Se amares teu Deus, se andares em seus caminhos, se observares seus mandamentos, suas leis e suas normas, viverás e te multiplicarás (Dt 30,16).

Lembrai-vos de que fostes escravos numa terra estrangeira. O Senhor vosso Deus vos fez sair de lá com mão forte e braço estendido (Dt 5,15).

O dom dos mandamentos é dom do próprio Deus e de sua santa vontade. Ao dar a conhecer as suas vontades, Deus se revela a seu povo. Segundo a Escritura, o agir moral do homem adquire todo o seu sentido na Aliança e por ela.

Tendo o homem, por castigo do pecado, decaído do paraíso da liberdade para a escravidão deste mundo, as primeiras palavras do Decálogo, voz primeira dos divinos mandamentos, aludem à liberdade: "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fez sair da terra do Egito, da casa da escravidão" (Ex 20,2; Dt 5,6).

Os mandamentos propriamente ditos vêm em segundo lugar; exprimem as implicações da pertença a Deus, instituída pela Aliança. A existência moral é resposta à iniciativa amorosa do Senhor. É reconhecimento, homenagem a Deus e culto de ação de graças. É cooperação com o plano que Deus executa na história.Deus dá a conhecer sua vontade a cada um em particular, ao mesmo tempo que o faz ao povo inteiro.

O Senhor prescreveu o amor para com Deus e ensinou a justiça para com o próximo, a fim de que o homem não fosse nem injusto nem indigno de Deus. Assim, pelo Decálogo, Deus preparou o homem para se tornar seu amigo e ter um só coração com o próximo... Da mesma maneira, as palavras do Decálogo continuam válidas entre nós [cristãos]. Longe de serem abolidas elas cresceram e se desenvolveram pelo fato da vinda do Senhor na carne.

Os dez mandamentos enunciam as exigências do amor de Deus e do próximo. Os três primeiros se referem mais ao amor de Deus, e os outros sete ao amor do próximo.

Como a caridade abrange dois preceitos com os quais o Senhor relaciona toda a Lei e os profetas (...) assim os próprios dez preceitos estão divididos em duas tábuas. Três foram escritos numa tábua e sete na outra .

 

A unidade do Decálogo

O Decálogo forma um todo inseparável. Cada "palavra" remete a cada uma das outras e a todas; elas se condicionam reciprocamente...formam uma unidade orgânica. Transgredir um mandamento, é infringir todos os outros. Não se pode honrar os outros sem bendizer a Deus, seu criador. Não se pode adorar a Deus sem amar a todos os homens, suas criaturas. 

 

O Decálogo e a lei natural

Os dez mandamentos pertencem à revelação de Deus. Ao mesmo tempo, ensinam-nos a verdadeira humanidade do homem. Iluminam os deveres essenciais e, portanto, indiretamente, os direitos humanos fundamentais, inerentes à natureza da pessoa humana.

   

Embora acessíveis à razão, os preceitos do Decálogo foram revelados. Para chegar a um Conhecimento completo certo das exigências da lei natural, a humanidade pecadora tinha necessidade desta revelação.

Uma explicação completa dos mandamentos do Decálogo se tornou necessária no estado de pecado, por causa do obscurecimento da luz da razão e do desvio da vontade

A obrigatoriedade do Decálogo

Visto que exprimem os deveres fundamentais do homem para com Deus e para com o próximo, os dez mandamentos revelam, em seu conteúdo primordial, obrigações graves. São essencialmente imutáveis, e sua obrigação vale sempre e em toda parte. Ninguém pode dispensar-se deles.

"Sem mim, nada podeis fazer"

Jesus diz: "Eu sou a videira, e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto, porque, sem mim, nada podeis fazer" (Jo 15,5). O fruto indicado nesta palavra é a santidade de uma vida fecundada pela união a Cristo. Quando cremos em Jesus Cristo, comungamos de seus mistérios e guardamos seus mandamentos, o Salvador mesmo vem amar em nós seu Pai e seus irmãos, nosso Pai e nossos irmãos. Sua pessoa se torna, graças ao Espírito, a regra viva e interior de nosso agir. "Este é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12).

"AMARÁS O SENHOR, TEU DEUS, DE TODO O CORAÇÃO, DE TODA A ALMA E DE TODO O ENTENDIMENTO"