Páscoa = Passagem da vida para a morte = Mistério pascal

O Mistério pascal: Ponto de partida da Cristologia

Nós cristão afirmamos que Jesus morreu, mas também afirmamos que ele ressuscitou. A ressurreição é o mistério central de nossa fé

O TÚMULO VAZIO

"Por que procurais entre os mortos Aquele que vive? Ele não esta aqui; ressuscitou" (Lc 24,5-6). No quadro dos acontecimentos da Páscoa, o primeiro elemento com que se depara é o sepulcro vazio. Ele não constitui em si uma prova direta. A ausência do corpo de Cristo no túmulo poderia explicar-se de outra forma. Apesar disso, o sepulcro vazio constitui para todos um sinal essencial. Sua descoberta pelos discípulos foi o primeiro passo para o reconhecimento do próprio fato da Ressurreição. Este é o caso das santas mulheres, em primeiro lugar, em seguida de Pedro. "O discípulo que Jesus amava" (Jo 20,2) afirma que, ao entrar no túmulo vazio e ao descobrir "os panos de linho no chão" (Jo 20,6), "viu e creu". Isto supõe que ele tenha constatado, pelo estado do sepulcro vazio, que a ausência do corpo de Jesus não poderia ser obra humana e que Jesus não havia simplesmente retomado a Vida terrestre, como tinha sido o caso de Lázaro.

Consequências da Páscoa de Cristo

 Foi em sua Páscoa que Cristo abriu a todos os homens as fontes do Batismo. Com efeito, já tinha falado da paixão que iria sofrer em Jerusalém como de um "batismo" com o qual devia ser batizado. O sangue e a água que escorreram do lado traspassado de Jesus crucificado são tipos do Batismo e da Eucaristia, sacramentos da vida nova: desde então é possível "nascer da água e do Espírito" para entrar no Reino de Deus (Jo 3,5).

Ele nos une a sua Páscoa. Todos os membros devem esforçar-se por se assemelhar a ele "até Cristo ser formado neles" (Gl 4,19). Por isso somos inseridos nos mistérios de sua vida associamo-nos a suas dores como o corpo à Cabeça, para que padecendo com ele, sejamos com ele também glorificados. O mistério Pascal é o ponto de partida de nossa fé em Jesus Cristo e da reflexão sobre as cristologias do Segundo Testamento

Morte e ressurreição: centro da fé cristã

 

 A NOVA CRIAÇÃO

 

 Jesus ressuscitou dentre os mortos "no primeiro dia da semana" (Mc 16,2). Enquanto "primeiro dia", o dia da Ressurreição de Cristo lembra a primeira criação. Enquanto "oitavo dia", que segue ao sábado, significa a nova criação inaugurada com a Ressurreição de Cristo. Para os cristãos, ele se tornou o primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas, o dia do Senhor, o "domingo":

Reunimo-nos todos no dia do sol, porque é o primeiro dia (após sábado dos judeus, mas também o primeiro dia) em que Deus extraindo a matéria das trevas, criou o mundo e, nesse mesmo dia Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dentre os mortos.

 O Evangelho relata numerosos incidentes em que Jesus é acusado de violar a lei do sábado. Mas Jesus nunca profana a santidade desse dia (cf.Mc1,21; Jo9,16). Dá-nos com autoridade sua autêntica interpretação: "O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado" (Mc 2,27). Movido por compaixão, Cristo se permite, no "dia de sábado, fazer o bem de preferência ao mal, salvar uma vida de preferência a matar” (cf. Mc 3,4). "O Filho do Homem é senhor até do sábado" (Mc 2,28).

 

Se Cristo não tivesse ressuscitado, não haveria fé cristã nem reflexão cristológica. A ressurreição de Cristo é a base de todo o cristianismo. Ao lermos o Segundo Testamento, principalmente os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos, percebemos que a notícia da ressurreição de Cristo causou espanto e alegria nos seguidores, bem como preocupação e reação nos poderosos da religião e da política da época. Com essa notícia, os discípulos do Senhor espalharam-se pelo mundo afora, conseguindo adeptos, formando comunidade, suscitando esperanças entre os povos oprimidos, instaurando novos projetos de vida transformando sociedades.

 

Se Cristo não tivesse ressuscitado, ele teria sido apenas mais um crucificado como tantos outros seríamos pessoas sem fé e sem esperança. Cruz sem ressurreição é sinal de morte, de fim, de desespero, de caminho fechado.  Jesus havia anunciado um Reino de um Deus diferente, de um Pai amoroso, próximo dos pecadores arrependidos, um Pai que queria vida em abundância para todos.

“Aquele que foi morto pela mão dos homens, Deus o ressuscitou!” (Atos 2,23-24). Quem ressuscitou não foi um mito ou uma ideia, foi uma pessoa.

O centro de nossa fé deve ser o mistério da Páscoa = passagem da morte para a vida. A vida cristã é passagem: do egoísmo para a solidariedade, da indiferença para a participação, do ódio para o perdão, da divisão para a comunhão. O que aconteceu com Jesus deve acontecer conosco também. Pois a Páscoa de Jesus é o ponto de partida de seus seguidores. Um caminho de Vida.

Na Páscoa inicia-se todo o trabalho de interpretação da vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus. Percebemos, então, duas etapas distintas da vida do Mestre: a etapa da fraqueza (o modo humano e carnal, a vida terrena) e a etapa da plenitude (o modo celestial e espiritual de existência, o Cristo da fé).

Observa-se um modo de pensar e falar de Jesus que favorece ao descompromisso cristão entre outros estão:

- Jesus um ser humano qualquer: Ora se Jesus não for Deus, Ele não pode ser nosso Salvador. Pois somente Deus tem o poder de salvar.

- Jesus Cristo: um Deus das alturas: Outro extremo, apesar das evidências da humanidade de Jesus, é concebê-lo apenas como Deus. De fato, existem pessoas e grupos dentro do cristianismo que insistem tanto na divindade de Jesus que terminam esquecendo sua humanidade. Estas pessoas e grupos enfatizam tanto os fatos extraordinários e miraculosos da vida de Jesus, a ponto de perderem de vista sua história concreta e real. Na prática tal concepção leva à negação da humanidade de Jesus e apresenta- Ó como solução para todos os problemas.

- Jesus de Nazaré: O Cristo de nossa fé: Finalmente, é assim que os “cristãos verdadeiros” concebem e anunciam Jesus Cristo: Jesus é a presença e a ação de Deus em nossa história. Afirmar que Jesus de Nazaré, o crucificado, é o Senhor ressuscitado, o Cristo de nossa fé, significa, para nós cristãos, a sabedoria de Deus. Cremos num homem que é Deus, num crucificado que ressuscitou. Se ele é Deus, já era Deus desde sempre. Assim, cremos também num Deus que se fez homem.

Afinal Jesus salva a totalidade do ser humano, pois a alma que deseja salvar tem corpo, sente frio, sente fome, medo. A alma que Jesus quer salvar está num corpo que morre antes da hora, porque sofre as consequências de um meio ambiente marcado pelo pecado da omissão.  O cristianismo não renuncia aos valores deste mundo. Anuncia a transformação desta vida e deste mundo.

Bíblia em Familia

 

São João, 20

1 No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. 2 Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram! 3 Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. 4 Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. 5 Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou.

6 Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão.       7 Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte.        

8 Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. 9 Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos. 10 Os discípulos, então, voltaram para as suas casas.   

11 Entretanto, Maria se conservava do lado de fora perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. 12 Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13 Eles lhe perguntaram: Mulher, por que choras? Ela respondeu: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. 14 Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu. 15 Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem procuras? Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar.           

16 Disse-lhe Jesus: Maria! Voltando-se ela, exclamou em hebraico: Rabôni! (que quer dizer Mestre).              

17 Disse-lhe Jesus: Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. 18 Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado. 19 Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco! 20 Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. 21 Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. 22 Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. 23 Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.             24 Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.         

25 Os outros discípulos disseram-lhe: Vimos o Senhor. Mas ele replicou-lhes: Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei! 26 Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco! 27 Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé. 28 Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!            

29 Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!         

 

30 Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro.         

31 Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

 

Coerente até o fim e confiante na presença de Deus, Jesus vai para Jerusalém, onde é preso, julgado e condenado. Jesus morre na cruz (Mc 15-25-26). Mas um pequeno grupo de mulheres que o seguia desde a Galiléia (Mc 15,40-41) passou a afirmar que este Jesus cuja vida tinha sido uma unidade única com Deus tinha ressuscitado (Mc 16,1-18; Mt 28,1; Lc 24,1-10; Jo 20,1-11). Essa experiência da ressurreição significa afirmar que a morte não teve o poder de impedir que Jesus continuasse a viver. Essas mulheres receberam do próprio Jesus a ordenação de testemunhar essa vida nova com Deus, recriando a comunidade dispersa, enfrentando o descrédito e a desconfiança de todos. Inclusive de gente que tinha seguido Jesus (Lc 24,11).

 Ressurreição é o grito teimoso dessas e de todas as pessoas que seguem os passos de Jesus e percebem que uma vida assim, tão humana e solidária, é vida vitoriosa! Essas pessoas congregadas em comunidades revelam o rosto de Deus. Até hoje!

 Esta foi a missão de Jesus: viver a vida de uma maneira tão humana como só Deus pode ser humano. Por isso, cada uma, cada um é chamado a fazer esta experiência de vida com Deus a partir de Jesus de Nazaré. Somos chamados a testemunhar e a proclamar: Verdadeiramente, Jesus é o Filho de Deus!(Mc 15,39)

Responda:

De que forma anunciamos a Ressurreição hoje?

Como Jesus Ressuscitado está presente na nossa vida, na nossa família e na nossa comunidade?